sábado, 16 de abril de 2011

Muito mais que um clássico, são 7. E todos ainda estão por vir este ano. Já que o duelo ocorrido no primeiro turno do Campeonato Espanhol, uma vitória autoritária do Barcelona de 5 a 0 no Camp Nou, foi em novembro de 2010. Serão muito mais que jogos simplórios, o espectador verá eventos diferente do normal. Aula de futebol pode-se dizer, talvez não há confronto no mundo deste nível, não se limitando apenas a quesitos técnicos e da aglomeração dos ícones do mundo da bola, mas também por questões religiosas, políticas, rivalidade e muito mais que reúne um Barça-Real. Uma coletânea inédita de um alto nível, como uma antologia dos mais seletos músicos do mundo e de qualidade rara confrontando-se em uma batalha em que só sai derrotado somente quem a perde, o indivíduo que não presenciou esse momento único. Quatro dos Barça-Real serão em pouco mais de duas semanas. Dois dos outros três serão em agosto na provável Supercopa, pois já que disputam a final da Copa do Rei e encabeçam o campeonato farão essa final, e por fim o jogo do primeiro turno na temporada 2011/2012.
Confira as datas dos clássicos das próximas semanas:

- 16 de abril, Campeonato Espanhol, em Madri
- 20 de abril, final da Copa do Rei, em Valência
- 27 de abril, ida das semis da Champions League, em Madri
- 3 de maio, volta da Champions, em Barcelona

Se pudéssemos dividir esse confronto em começo, meio e fim, o início seria a base.

Primeiramente o Barcelona, uma fábrica que produz sem cessar e que diferentemente do clube merengue tem um sistema de balança favorável, já que usufrui das pratas-da-casa e deixa de importar tanto. Mas muito do mérito dessas revelações se deve ao atual treinador da equipe catalã: Guardiola. Desde que fora contratado em 2007, para treinar a equipe B, já trouxe um instinto de reforma. O ex-jogador deparou-se com uma base com pouca estrutura e uma metodologia ineficaz. Dentre as modificações do treinador destacam-se quatro, além da determinação para acelerar a construção de seu CT. Primeiramente Guardiola extinguiu o Barça C , aumentando o nível dos jogadores da base para se profissionalizar; padronizou a mentalidade para todos os níveis, incluindo valores como competitividade, cultura esportiva e formação; Dividiu o Barça B em duas partes, ‘vértebras’, que eram jogadores experientes que davam segurança aos mais jovens, e em ‘pérolas’, as promessas do clube; O treinador ainda criou um cronograma com três etapas de maturação das pérolas do time B: reserva em rodízio(sem responsabilidade de decidir), rodízio para amadurecimento (jogando com freqüência) e jogador chave(em que deve resolver), com uma duração mínima de seis meses para cada etapa. Um alojamento ao lado do Camp Nou também um aliado valioso nessa formação de jovens, além de blindar de assédios e de facilitar a movimentação dos atletas, alargando seu período de descanso e de treinos, a moradia ainda insere o clube na vida dos garotos, criando um laço de fidelidade visto atualmente no time principal, no qual se encontra jogadores que apenas jogaram no clube.

Já pelo lado oposto o discurso é diferente, com contratações milionárias e badaladas o espaço para jovens promessas fica restrito, mas ainda há jogadores oriundos das ‘canteiras’ merengues. Em Madrid a metodologia é mais preservadora, com a preocupação sobre escolaridade e criação dos meninos, a utilização de jovens atletas se limita aos que moram nas proximidades do clube e com o controle da idade. Além da questão ideológica, a estrutura e até mesmo confiança é muito inferior ao rival da Catalunha, o Real já aposta em estrangeiros e vê suas ‘crias’ sendo vendidas, inclusive para esse mesmo rival, caso de Álvaro Morata e Jesé Rodríguez, ambos com 18 anos. Mas mesmo assim ainda há craques oriundos da base, como Enzo Zidane, filho do ex-jogador Zinedine Zidane.

 Clique na foto para ampliá-la.


Um clássico que não se policia, e não é policiado, e se torna o principal foco contemporâneo do mundo da bola, numa repercussão tamanha e equivalente a sua importância e que deslumbra a todos que assistem. O Barcelona com seu futebol vistoso e que encanta com seus toques rápidos e precisos traz um reflexo que ultrapassa torcedores, importantes influentes do futebol já declararam o clube catalão como referência do jogo ofensivo. Ícones como Zico, campeão do mundo em 81 pelo Flamengo e fez parte da seleção de 82 que se assemelha ao atual Barça, Luxemburgo, único pentacampeão do equilibrado e difícil Brasileirão e mentor daquele Palmeiras de 1996, Dorival Jr., que outrora comandava Neymar, Ganso e os meninos da vila pelo Santos, e ainda Carlos Alberto Parreira, campeão do mundo pela Seleção em 1994, e que já treinou outras 4 seleções e inúmeros clubes, são uns dos muitos que fazem a lista dos fãs do clube azul-grená, sendo este ultimo o criador de uma palestra sobre o clube, "A volta do futebol arte – criatividade e talento" no Footecon. Além de Guardiola e cia, o crédito desse estilo de jogo sensação também se deve a outro ex-jogador Johan Cruyff em 1988, quando fora técnico do time profissional. Trazendo um padrão de jogo para todos as categorias, um futebol de toques rápidos e posse de bola, mas a sistematização teve seus contras, formavam-se jogadores muito técnicos mas pouco brigadores, defeito sanado por Guardiola, fruto dessa safra da era Cruyff, que exigiu movimentação, velocidade e muita luta na base. E tal mudanças podemos ver os resultados atualmente com estatísticas exorbitantes, media de 71% de posse de bola no campeonato espanhol, poucos poucos atingem esse número em apenas um jogo durante uma liga inteira, e 61% de posse na Champions League, sendo também observado que o último jogo em que o Barcelona obteve menor posse de bola que o aversário foi em 2008, contra o Real em pleno Santiago Bernabéu, época em que iniciava-se essa era vencedora do Clube catalão.

Palpites para os jogos? O primeiro do Campeonato Espanhol pouco importa o resultado do jogo, pois o da competição já está praticamente definido: Barça campeão. E com todo respeito a Copa do Rei, a Champions League é que é de suma importância para ambos. Mourinho está com o elenco quase completo, sendo desfalcado apenas por Gago e Ricardo Carvalho, suspenso no campeonato europeu, Kaká e Higuaín estão voltando de lesão e integram a equipe principal. O time está bem estruturado e psicologicamente estável, conhece como ninguém o rival e sabe sua estratégia e é um dos poucos adversários capazes de conter as investidas do clube catalão. Podendo ser destacado ainda pelo lado merengue as atuações de Marcelo, que é tão habilidoso quanto ofensivo e trará um incrível embate com Daniel Alves, lado de maior atuação do Barcelona também, Mourinho terá uma importante questão, pois Messi também joga pela direita e a subida do Lateral madrilenho poderá trazer sérias consequências, uma melhor alternativa seria jogar pelo lado direito com Di Maria e pôr o Ronaldo por lá também. Do lado azul-grená os desfalques são preocupantes, existe uma dúvida eterna da volta de Puyol e que se iguala a sua condição de jogo e forma física, Milito torna-se uma substituição pouco provável pois suas últimas atuações foram pavorosas refletindo no fato do treinador improvisar dois volantes para a posição de zaga, Busquets e Mascherano, fato que pode ser observado novamente nos jogos vindouros. Abidal também encontra-se no departamento médico e preocupa. O resultado ocorrido no 1° turno do Campeonato Espanhol, o épico 5 a 0 fora um deslize e o time de Madrid está completamente diferente. Enfim os palpites: Real ganha o jogo de hoje do campeonato espanhol, a Copa do Rei será do Barça, nos jogos da Champions Real vence em casa e Barça no seu lar, mas é o time azul-grená que passará, e os jogos no fim do ano deixa para depois.

Já teve história, raízes e palpites dos confrontos mas pra quem gosta de tabu tem um para cada astro dos times: Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
O primeiro amarga um longo jejum, além de nunca ter ganho no Camp Nou ainda não marcou contra o Barcelona. Em seis duelos, foram dois enquanto jogava pelo Manchester United e quatro já no Real Madrid. Já o argentino nunca venceu o atual treinador merengue, José Mourinho.

Os ingredientes já estão prontos, os vencedores do jogo ainda não se sabe, mas com certeza quem o ver sairá ganhador fora dele, uma fartura, bom apetite e bons jogos.

Vitor T. Abrantes

1 comentários:

Pica, não me surpreende vindo de você!

Postar um comentário

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More